quarta-feira, 1 de junho de 2011

ARTIGO - GINCANA TAREFA 4


A APLICAÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO NA ODONTOLOGIA

Felipe Gouveia Santos*.
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*Graduando em Odontologia pela Faculdade de Ciências Aplicadas Dr. Leão Sampaio.



RESUMO
As células mesenquimais indiferenciadas, ou células-tronco como são conhecidas, têm sido objetos de várias pesquisas recentes, sendo tratadas por pesquisadores e diversos profissionais da área da saúde como um importante artifício para combater múltiplas doenças, principalmente aquelas que desafiam a ciência há muito tempo. O objetivo da Odontologia é restaurar ou regenerar os tecidos dentários para manter a vitalidade, a função e a estética do dente. Inúmeros esforços têm sido direcionados para tal finalidade, entre eles está o estudo com células-tronco. Contudo, as aplicações clínicas e terapêuticas dessas células devem ser cautelosas.
Palavras-chave: Células-tronco, Odontologia, Terapia Celular.

ABSTRACT
The mesenchymal stem cells, or stem cells are known, have been subjected to several recent surveys, being treated by many researchers and health professionals as an important device to combat multiple diseases, especially those that defy science for a long time . The goal of dentistry is to restore or regenerate dental tissues to maintain vitality, function and esthetics of the tooth. Numerous efforts have been directed to this end, among them is the study of stem cells. However, clinical and therapeutic applications of these cells must be cautious.
Key-words: Stem cells, Dentistry, Cell Therapy.


INTRODUÇÃO
           
A pesquisa com terapia celular e células-tronco começou a se desenvolver no Brasil em 2002 [10]. O uso das células-tronco tem se consolidado nas diversas áreas da saúde com o passar dos anos. Em meio a discussões éticas, bioéticas, legais e religiosas, os estudos obtiveram grandes avanços, provando a importância desse método como possível terapêutica definitiva para doenças consideradas incuráveis. Embora promissor e com enorme potencial de aplicabilidade, o emprego dessas células na espécie humana ainda está sujeito a inúmeros riscos que fogem do controle dos pesquisadores. Porém, não há dúvidas de que se pode esperar um novo tipo de Odontologia a partir da evolução dessas pesquisas.
Estas células, denominadas células-tronco, apresentam-se de forma indiferenciada. Entre as suas principais características estão: sua capacidade de autorrenovação e sua capacidade de se diferenciar em diversos tipos celulares [2]. Podem ainda ser classificadas como embrionárias e adultas. As células-tronco embrionárias derivam-se do blastocisto e possuem a capacidade de se diferenciarem em todos os tecidos humanos. Um exemplo de células-tronco adultas são as células mesenquimais, as quais estão presentes em uma variedade de tecidos [3]. Essas possuem um potencial de diferenciação mais limitado e podem ser dirigidas para crescerem e se diferenciarem em linhagens celulares específicas quando submetidas a diferentes estímulos [2].
A terapia celular vem ganhando cada vez mais espaço nos procedimentos médicos e com resultados satisfatórios [1]. Suas características lhes permitem um grande potencial em várias aplicações terapêuticas, como participar da regeneração tecidual, corrigir distúrbios hereditários, refrear a inflamação crônica, liberar agentes biológicos. Assim, sua administração é promissora como nova estratégia para tratar uma ampla gama de doenças [2]. O principal risco encontrado nessa terapia está na hipótese das células-tronco promoverem o desenvolvimento do câncer. Uma vez que são alvos suscetíveis de carcinogênese e, consequentemente, podem originar diferentes tipos de câncer [3]. Apesar destas considerações e da necessidade de mais conhecimentos básicos para melhor compreender os processos envolvidos na manutenção destas células-tronco e nas diferenciações celulares, muito já tem sido estudado quanto a suas possíveis aplicações [2].
Existem também os receios motivados por questões éticas na utilização de tais terapias, principalmente no que se diz respeito à utilização de células-tronco embrionárias [5]. Os estigmas sociais em jogo relacionam-se principalmente com a concepção do início da vida, pois alguns consideram o embrião como a unidade inicial de vida humana [6]. Assim, o profissional da saúde que manipule essas células deve pautar sua conduta com base em seu conhecimento científico vinculado aos ditames éticos anunciados [1].
Os pareceres sobre temáticas de saúde pública e outras associadas no Congresso e na sociedade foram mudando significativamente, pois o ciclo da inovação para a prevenção e o tratamento de doenças depende do desenvolvimento das pesquisas cientificas [5, 6]. O Supremo Tribunal Federal considera legal a utilização das células embrionárias para pesquisas e fins terapêuticos dos embriões congelados há mais de três anos, impróprios para sua finalidade e com o consentimento dos genitores [1]
As células-tronco apresentam um potencial muito grande no tratamento de diversas doenças para a instituição de tratamentos restauradores de tecidos e órgãos [2,4]. As propostas são várias, e as áreas de interesse variam conforme as especialidades.


MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura elaborada com base em referências existentes sobre a temática. Foram utilizados livros encontrados no acervo bibliográfico da Faculdade Leão Sampaio e periódicos encontrados nas seguintes bases de dados: Bireme, Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo e Google Acadêmico.
Para busca nas bases de dados supracitadas, foram utilizados os seguintes descritores: células-tronco, odontologia, bioética e terapia celular. Os descritores foram utilizados isoladamente ou combinados.
Deste modo, foram consultadas 15 fontes bibliográficas disponíveis na literatura nacional e internacional.


DISCUSSÃO
        
Nós os usamos todos os dias e os cuidamos periodicamente, mas, mesmo assim, os dentes ainda são perdidos total, ou parcialmente, com muita frequência. A cárie e a doença periodontal são as duas principais razões pra que isso ocorra, mas trauma e doenças genéticas também estão entre os fatores mais etiológicos prevalentes [12].
A descoberta de células-tronco e avanços recentes em biologia celular e molecular levaram ao desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas que visam a regeneração dos vários tecidos que foram lesados ​​pela doença [8]. A perda dentária e dos tecidos periodontais é corrigida através de terapias baseadas em técnicas não-biológicas. Esforços têm sido dirigidos para o desenvolvimento de mecanismos para a utilização de células-tronco na reposição de tecidos bucais [4].
Os tecidos dentais são considerados uma rica fonte de células-tronco mesenquimais, que são adequadas para aplicações em engenharia de tecidos [8]. Nos dentes, as células-tronco foram identificadas na polpa dental adulta, em dentes humanos esfoliados, no ligamento periodontal, na papila dental e no folículo dental [7, 9]. Existem evidências de que as células-tronco encontradas em dentes decíduos são similares àquelas encontradas no cordão umbilical, devido a sua alta taxa de proliferação [4]. Considera-se também que as células-tronco da polpa dentária de dentes decíduos e permanentes e do ligamento periodontal sejam
mais proliferativas que as células-mães da medula óssea [11, 15].
Uma aplicação da engenharia tecidual em odontologia clínica seria a utilização de células-tronco na regeneração dos tecidos periodontais [7]. Os requisitos para a regeneração periodontal incluem a regeneração simultânea de cemento, ligamento periodontal e osso alveolar [14]. O reparo do aparato de inserção e sustentação do periodonto, destruído como resultado da progressão da doença periodontal, tem sido a meta principal da terapia periodontal [9]. Em que o ligamento periodontal pode ser facil e eficientemente uma fonte autóloga de células mesenquimais indiferenciadas com uma grande capacidade de expansão e habilidade de se diferenciarem em células osteogênicas que podem colonizar e crescer conectadas ao arcabouço biocompatível [9].
Outra aplicabilidade seria no reparo das seqüelas resultantes da osteoartrite, bem como outras injúrias articulares, que tem como objetivo regenerar a cartilagem das articulações sinoviais, como também na reconstrução total dos côndilos, utilizando as células-tronco [7].
Na odontologia, a biologia das células-tronco e engenharia de tecidos são de grande interesse uma vez que pode fornecer uma inovação para a produção de material clínico e/ou regeneração dos tecidos [8]. A perspectiva é de novas alternativas na regeneração dentinopulpar, regeneração do tecido periodontal, regeneração óssea e na regeneração da cartilagem da articulação temporomandibular baseados na engenharia tecidual dentária [7]. Contudo, a terapia com células-tronco adultas deve ser precedida pela compreensão de todas as suas propriedades, do controle de sua proliferação e dos fatores que determinam sua diferenciação [4].
Hoje, estudos têm mostrado que podemos reconstruir um dente e suas partes, não perfeitamente na aparência, mas em suas partes internas como já foram definidas. Isto significa que num futuro próximo teremos todas as partes dos dentes sem a necessidade do uso de próteses removíveis, próteses fixas ou implantes [11]. Os progressos da biologia de células-tronco e engenharia de tecidos pode apresentar novas opções para substituir os dentes muito danificados ou perdidos, ou mesmo estruturas do dente individual. A promessa de possibilidades de tratamento coloca as células-tronco no foco da pesquisa odontológica [13].


CONCLUSÃO

A medicina regenerativa e a terapia celular são áreas que se destacam no conhecimento da biologia das células-tronco. Existem ainda vários questionamentos a respeito dessas células [3]. Assim, as aplicações clínicas e terapêuticas dessas células devem ser cautelosas, pois embora os resultados iniciais sejam promissores é necessário ter em mente que muito pouco se sabe a respeito dos efeitos em longo prazo deste tipo de terapia [2].
Faz-se necessário um controle exaustivo e rigoroso com respeito à qualidade, confiabilidade e rastreabilidade para a utilização das células-tronco em humanos, pois a instabilidade genética representa uma importante lacuna em estudos básicos visando aplicações terapêuticas [3].
Apesar do entusiasmo dos pesquisadores e das esperanças depositadas por uma parcela considerável da população que poderá um dia beneficiar-se dos avanços alcançados na área da medicina regenerativa, ainda são necessárias muitas pesquisas e disposições políticas, éticas e morais para compor o cenário ideal ao pleno desenvolvimento dessa nova área terapêutica [10]. Muito ainda é desconhecido quando se trata do uso em humanos dessas células. Sendo assim, estudos devem ser realizados para se complementar tal prática. Assim como, deve ser extensamente debatido na sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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